domingo, 2 de março de 2008

“Que merda.


De que vale tudo isso? Quanto vale a minha vida? Já conheço os passos dessa estrada e sei que não vai dar em nada.

Rigel está de novo em prantos. E ele tem todo o direito de chorar.

Ele tem todo o direito do mundo de bater com a cabeça na parede.


Quanta dor um homem suporta? Quanto um coração agüenta de sofrimento? Dá para morrer de amor?
(...)

Você sabe o que é perder? Sabe. Não há quem não saiba o que é perder.

Depositar tanto sonho em algo. Sonhar é tão trabalhoso.

Imaginar um mundo de felicidades sem fim. Lotado de paixão e sensualidade. Passear com seu grande amor.

O amor de sua vida para sempre.


E esse amor vai ser pra sempre lindo e charmoso. Irá dizer coisas espirituosas para você no balcão de um bar cool.

E quando chover de repente, e você pensar em correr, o amor de sua vida – que é lindo, culto, corajoso – dirá que quem corre da chuva é rato e que nós somos homens, somos fortes e invencíveis.

O amor entupindo as veias de fé e imortalidade.

Nós já nos conhecemos desde outra encarnação e vamos nos amar para toda a vida celestial e eterna.

Uma eternidade sem fim. Não, não há morte. Ficaremos paras sempre juntos. (...)


E não há paisagem que seja mais linda do que o rosto do seu amor.

Não há pôr-do-sol que valha desviar seu olhar do dela.

Eu te amo.
Eu também te amo.
Eu te amo mais. Impossível.
Eu te amo o mundo.
Eu te amo o universo.
Te amo tudo aquilo que não conhecemos.

E eu te amo antes que tudo o que nós não conhecemos existisse.
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo mais do que a mim.


‘Já conheço os passos dessa estrada’...

E, mesmo assim, estarei sempre pronto para esquecer aqueles que me levaram a um abismo.

E mais uma vez amarei.

E mais uma vez direi que nunca amei tanto em toda a minha vida.

Direi. ‘Vou colecionar mais um soneto, outro retrato em branco e preto a maltratar meu coração’.

Rigel chora.

É um marmanjo chorando sozinho, sem conseguir tomar banho.

Não! Preciso reagir.

O que eu tenho, afinal?

Saudades.

Eu tenho saudades.”


 


Fernanda Young